Sem sombras de dúvida, a maior lição que a Vida decidiu me enfiar por goela abaixo foi a do desapego.
Muitas pessoas são apegadas à um emprego, a um marido, a uma casa, à uma situação. Meu apego é quase que exclusivamente com sentimentos, não com uma matéria propriamente dita. Não sou apegada a bens materiais, a dinheiro, essas coisas. Meu apego é muito mais com estabilidade, conforto, tranquilidade, entre outras coisas que são até proporcionadas pelas primeiras, mas não são exclusivas delas.
Aí, a vida decidiu me pregar uma peça nos últimos anos. Aos poucos, foi me tirando tudo o que eu de certa forma ainda tinha algum apego.
Pessoas que se foram - por que quiseram ou porque foram tiradas de mim -, lembranças que tive que deixar para trás, liberdade que foi tolhida, crença que acabou desmentida, esperanças que se desfizeram, planos e metas que me obrigaram a mudar, e me fizeram baixar um pouco a bola, me transformaram em alguém mais cético e menos ambicioso. Quissá até meio descrente da benevolência alheia. O mundo não é seu amigo. Seus amigos estão no mundo, é diferente.
Mas eu luto diariamente contra o ceticismo que sempre me ronda. Não gosto de sentir essas coisas. Queria muito continuar sonhadora e voando alto, tal qual uma adolescente que tem o mundo inteiro para vencer. Pra mim, o ceticismo é uma espécie de defesa, própria de quem passou por muitas decepções. É preciso uma grande dose de fé pra não se perder no meio de tantos sentimentos céticos.
Mas essa luta nem sempre é ganha. Vencer o apego e evitar o ceticismo é algo que demanda muita energia e tempo. E o que eu preciso agora é, justamente, energia para continuar essa batalha.
Amanhã posso estar pensando diferente disso. Espero que sim.