"Cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar." (Machado de Assis)

segunda-feira, setembro 26

"Não votei porque não votei"

Eu fico impressionada. Tenho evitado ler jornais para não me aborrecer, mas esta foi demais.

Perguntado sobre o porquê de não ter votado nas eleições internas do próprio partido, Lula - o nosso presidente amado - disse sabiamente: "Não votei porque não votei". O tom soava tão importante como se seu sobrinho perguntasse porque você não comeu picolé de limão...

Não sei para vocês mas pra mim tá na cara o porquê... não queria se indispor com nenhum dos lados (nem com o Campo Majoritário, especificamente) e, especialmente, porque quis se colocar acima dessas coisas "mundanas". O PT já é pequeno para ele, agora ele olha como ferramenta o partido. Para não se opor aos "companheiros" e para proteger a própria imagem de arranhões, ele prefere fazer como quem não é com ele???

É incrível como ele ignora solenemente tudo o que está acontecendo. A corja que vendeu o país aos tucanos e aos pefelistas (não sei qual é o pior) está cantando a vitória mais uma vez. Não bastasse as denúncias contra o campo que não era pra ser majoritário a tempos, vem o descaso, como se aquilo pouco importasse. Nossa oposição é suja, o governo está infectado e ele precisa tomar ciência disso e atitudes, principalmente atitudes!!!!

Questiono a política econômica do Lula porque tenho fundamentos que poderíamos estar bem melhores, mas acho que em formas gerais ele faz um bom governo. Mas esse jeito Blazé dele olhar o partido não está combinando. Não dá pra fingir que não é com ele. Não dá pra visualizar uma parede que o deixe tão longe por tanto tempo.

Apenas pra frizar... eu votaria no Lula novamente. Mas ele precisa descer do lustra, sair do pedestal que se colocou para isso. Precisa voltar a estar próximo do povo.

A instituição nacional precisa sim de um líder como ele, mas acontece que precisa também de todo o resto. Precisa de um partido, um congresso, uma nação. Não apenas do líder. E, sinceramente, com o partido, o congresso, a corja-oposição e com a nação que temos, pediria a Deus para ter nascido na Argentina (para vocês verem o tamanho do meu desgosto).

E sobre o PT... graças a Deus eu desisti de me filiar ao PT. Com certeza estaria votando no Pont ou em outro mais radical. Eu, que fui militante na última eleição e fui com camisa, bandeirinha e adesivo do PT, desistí na hora de entregar a ficha.

Sorte... sentiria que meu dinheiro foi jogado fora se não tivesse desistido.

sexta-feira, setembro 23

Ator da própria vida

Eu "descobri" recentemente que o mundo masculino se divide em dois tipos: homens que assistem e homens que fazem.

Muitos preferem assistir a vida dos outros (e o que os outros fazem de interessante) a fazer a própria vida mais aprazível, divertida, coloria e/ou sensual. Preferem ficar acomodados confortavelmente em seus lugares no cinema assistindo a um filme de aventura, a fazer da própria vida uma aventura. Preferem ver a diversão e a sensualidade na TV e na grama alheia, enquanto permite que a própria grama fique menos verde, mais seca por falta do que tanto admira na dos demais.

Preferem manter a felicidade à distância, a diversão à distância, a paixão à distância, a alegria à distância. Preferem ver seus amigos relatando suas aventuras e suas noitadas, a ir eles próprios à luta, atrás daquilo que querem. Ficam sentados na porta de casa esperando que tudo caia em seus colos, enquanto ficam sentados com a cerveja em uma mão e o controle remoto em outra. Enquanto isso, assistem na TV o que gostariam de ver para sí: a vitória em um jogo de futebol, uma profissão bem resolvida, um filme mais apimentado, uma vida mais interessante que a sua própria.

E enquanto ele fica prostrado vendo tudo isso passar - seja na tv, na janela de casa ou em sua própria cara - estão perdendo um tempo precioso: o de pegar o carro e viajar sem destino, o de jogar o futebol com os amigos, o de viver uma paixão arrebatadora, o de ir "pra night" junto com os "amigos grama-verde"... enfim, perdem o tempo vendo acontecer e invejando (mesmo que seja aquela "invejinha" inofensiva) ao invés de fazer acontecer.

Pensando bem, se trocarem os objetos de cobiça, talvez isso bem que se encaixe no "mundico" feminino também. Temos desejos e anseios diferentes, mas acredito que devemos agir da mesma forma. Mas fica a pergunta... porque não fazer acontecer?

Porque não ser o ator da própria vida?

Diálogo

Local: Manoel e Joaquim - Largo do Machado

Cenário: Eu e umas amigas, que me raptaram no corredor do trabalho, para tomar um chopp. Mesa cheia, todas falando sobre besteiras. Depois do sexto chopp, toca o telefone.

- Alô?
- Oi Nina, tudo bem?
- Oi Cesar, tudo legal...
- Tá na faculdade?
- Tou... (!!!)
- Po, tou chegando aí... o cara de EBC vai dar aula?
- Não...
- Espera então que eu tou chegando aí.
- Falou.
Desligo o telefone.
- Garçom, mais um por favor!

... por que diabos eu falei que estava lá não sei. Mas o chopp tava bom. Foi mal Cesar... :P

segunda-feira, setembro 19

I'm melt down

Eu fiz essa música a alguns dias (acho que a um mês atrás), justo no caminho inverso que costumo fazer... primeiro faço a música, depois faço a letra. Essa não... primeiro fiz a letra.

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Melt down


By the sun, in the morning,
I can feel your skin toutching on me
In the night, I run
but I don't know where to,
but I want to bring you to me

You're in everything...

in the lines that I draw,
in the dreams that I saw,
in the love that I feel...
For you, I melt down!

Where tonight I'll find
another pure soul to love?
When in this life, I'll find
another twin soul to give my heart?
I´ll love you for many years...

You're in everything!

In the lines that I draw,
in the dreams that I saw,
in the love that I felt...
For you, I'm melt down!

quinta-feira, setembro 15

Crônica brasileira

Fatinha era a típica moradora de uma grande cidade da região sudeste do Brasil. Acordava todos os dias às quatro e meia da manhã, fazia ginástica até cinco e meia, se arrumava e ia trabalhar. Depois de um dia inteiro de trabalho, ia para casa para o segundo tempo de sua jornada: seu marido e filhos - tinha dois.

Em um final de tarde de quarta-feira como outra qualquer, enquanto começava a se preparar psicologicamente para ir para casa, ela se olhou no espelho e viu em seu rosto suas linhas de expressão. Parou e pensou, em um flash, na sua vida. "Onde minha vida tomou um rumo diferente do que eu planejei?", pensou.

Fatinha sempre sonhou em ser médica mas, porque a grana era curta e porque o tempo era escasso, optou por fazer um curso de enfermagem. Tinha cultura e formação medianas, ainda era jovem e cheia de ideais, mas estes eram suplantados pelo cansaço do dia a dia. Sacudiu a cabeça e decidiu apressar o passo para chegar em casa.

Mal entrou pela porta, lá estava Zé, o marido - estatelado na frente da televisão, com uma cerveja bem em cima da madeira da mesa, assistindo... a CPI do mensalão. Deu boa noite e ia para o quarto, quando o marido gritou para trazer mais uma cerveja e mais petiscos. Olhou torto pensando "...antes era só quando tinha futebol, agora é todo o dia", e já ia para a cozinha, quando os dois meninos entram no quarto como bala, um puxando a orelha do outro e se jogando na cama aos socos.

Sem forças nem para reagir, Fatinha entrega ao marido o que pediu e senta ao seu lado. Quando diz que queria comentar uma coisa sobre seu dia, ele reclama: "Caramba, não tá vendo que tou assistindo a CPI?".

Começou então a rir. Riu freneticamente. Colocou uma saia comprida, pegou uma mochila antiga de seus filhos, colocou meia dúzia de roupas e dinheiro, deu as costas, e bateu a porta.

A última notícia que tive de Fatinha era que tinha se filiado ao PSTU, resolveu fazer faculdade de Filosofia, estava morando próximo a uma aldeia indígena em Roraima e atuando como militante do Greenpeace. E nunca mais voltou.

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(Baseada em histórias e sentimentos reais, Fatinha é uma homenagem à muitas amigas que queriam ter o mesmo fim, mas não puderam - ou não quiseram)

sexta-feira, setembro 9

Penso, logo questiono

(texto escrito em junho/05)

Talvez eu seja um pouco diferente da maioria das pessoas que conheço. Porque eu sou uma pessoa que pode ser considerada como intransigente quando se fala em aceitar idéias ou conceitos sem questionamento.

O filósofo Renée Descartes disse: "penso, logo existo".
Eu vou além: "penso, logo questiono".

Eu fui o tipo de criança que tudo perguntava o porquê, e se ele não me era dito, isso criava um sentimento de que eu estava sendo feita de idiota. Ou, no mínimo, que era pra eu não saber mesmo por enquanto, por algum motivo.

Jamais aceitei conceitos ou idéias sem que eu mesma fosse experimentar. Seja aquele amigo da faculdade que todos dizem que é fofoqueiro, aquele filme que todos dizem que é ruim, aquele sujeito que todos dizem pra não confiar, ou aquele professor que é muito carrasco com todo mundo, mas sempre foi super gente boa com você. Sempre que me diziam algo, eu fazia questão de ter a certeza dos fatos. Precavia-me, mas jamais aceitei o que me dizem sem que eu questione.

Acreditem: muitas vezes me surpreendi. Aquele fofoqueiro era apenas uma pessoa carente que precisava de uma amizade sincera, o filme era excelente mas o "crítico de plantão" não entendeu o seu sentido, o professor era carrasco mas dava uma aula show de bola e era uma excelente pessoa.

E jamais me permitia aceitar sem verificar ou questionar porque isso sempre me pareceu uma espécie de violência ao meu intelecto, é como se te passassem um atestado de que você não tem capacidade de sacar as coisas sozinha.

E assim, enquanto vivo, penso e questiono. E tiro a minha própria avaliação de cada coisa, com a certeza de não ter sido injusta com nada.

Futuro

Eu descobri a alguns dias o porquê de Deus não permitir que a gente saiba o nosso futuro. Não é bem uma descoberta, mas sabe aqueles estalos que você tem de repente?

É simples: é que, às vezes, ele pode ser surpreendente e/ou aterrorizante.

Eu ficaria mais covarde de saber de todos os desafios que passaria, ou mais corajosa de saber que eu venceria a todos eles.

Ficaria desesperada de saber que deixaria minha religião, a qual tinha como a mais perfeita e a verdade absoluta, mas ficaria aliviada de saber que descobriria assim quem realmente sou e que Deus não está na igreja, está em mim.

Choraria por saber das dores que viria a sentir por amor, das tristezas que passaria. Mas sorriria por saber que isso me preparou para momentos muito bons, e quem sabe, para coisas que são tão boas que não acreditaria que existem.

Eu talvez fosse mais reservada por conta das pessoas em que confiei e trairam minha confiança, aquelas que chamei de amigas mas que jamais o foram... mas, por outro lado, talvez fosse mais franca com aqueles que poderia ter ajudado com um simples dizer: "cuidado". E teria aprendido antes a confiar não nas palavras, mas no olhar.

Eu seria menos tensa com aqueles pequenos problemas do dia-a-dia, com aquelas coisas que aborrecem mas que conseguiram exterminar com o meu dia... mas daria mais importância aos pequenos momentos, e teria começado antes a olhar bem no fundo dos olhos.

Por isso Deus não permite que saibamos do dia de amanhã. Porque faríamos tudo diferente, e - talvez - ficaria tudo igual.

VOLTEI

Voltei!
Depois de longo tempo, voltei.
Demorei porque precisava conhecer melhor uma pessoa: eu.
Mas agora estou de volta.
Apaixonada por mim mesma e pronta para o resto todo.
Abandonei meu lado 100% questionador por alguns minutos, e deixei voltar à tona a minha sensibilidade. Porque acho que quem se petrifica não pode escrever.
Aflorei a sensibilidade, me permití escrever textos, artigos e poesias novamente.
Resultado disso é a felicidade, e uma série de novas músicas que compús. Até uma pedra me faz compor.
Bem, voltei.
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