Existe uma diferença que pouca gente sabe perceber entre quando uma pessoa dá um riso e um sorriso. Um riso é muito mais comum que um sorriso.
O primeiro, podemos ver sempre nas pessoas. O segundo, é artigo em extinção.
Um riso é remédio, como diria o ditado. Muitas vezes é sincero, mas pode ser apenas externo, feito para demonstrar simpatia, aprovação ou contentamento, mesmo quando nossa alma está em frangalhos. A gargalhada manifesta graça por algo que se diz ou que se escuta, o riso é a manifestação externa do que pensamos naquele momento. É fácil rir, é fácil retribuir uma risada. Em alguns casos, o riso é uma boa moeda de troca; em outros, uma saída rápida. O mais deprimido de todos pode dar uma boa risada enquanto lê uma piada engraçada ou se um amigo lhe disser uma grande besteira. O riso é estado de satisfação, mesmo que momentanea ou menos sincera.
Já um sorriso não; o sorriso é um espelho do estado da alma. Quando uma pessoa sorrí, todo seu corpo sorrí ao mesmo tempo, porque é sua alma - e não sua face - quem está sorrindo. Quando alguém sorrí do outro lado do telefone, nós sabemos mesmo sem ver; se alguém sorrí para você quando você está abatido, esse sorriso aquecerá sua alma e dará forças para que você se levante. Quando vê um amigo que não vê a anos, você sorrí por sentir tanta alegria. Os pais sorriem para as crianças que caem em seus primeiros passos; os animais sorriem quando ganham um afago do dono; os amigos sorriem porque nos preocupamos demais com algo que fatalmente perceberemos que é uma besteira enorme.
Um sorriso acalenta a alma e mostra nossos sentimentos.
O riso alegra um dia e alivia um ambiente.
Na verdade, não paramos para prestar atenção nessa diferença porque geralmente nós não paramos para conhecer as pessoas que estão conosco. Somos capazes de conviver toda uma vida com pessoas sem que vejamos um sorriso em seus rostos, ou que possamos identificá-lo. Mas basta pensar em você mesmo para perceber: quando você beija o amor da sua vida, você rí?
...ou você sorrí?
sexta-feira, março 31
quarta-feira, março 29
Meu voto é nulo
- O que esperar de um país como o Brasil?
- Que "país do futuro" se submete aos desmandos das elites financeiras?
Essas duas perguntas tenho me feito a dias, com toda essa movimentação de sai ministro Palocci, entra ministro Mantega. Mas ficou muito mais forte de ontem para cá.
Eu assisto o Bom Dia Brasil diariamente e quase soltei fogos de artifício quando escutei o Ministro Mantega dizendo que é precisamos lidar de forma civilizada com a nossa política monetária - sobretudo as taxas de juros indecentes. Cheguei a pensar "Nossa, será que aos 45 minutos do segundo tempo a coisa vai começar a mudar de verdade???".
Ledo engano de uma sonhadora.
É vergonhoso pensar que eu votei em um candidato que me dizia que ia mudar tudo, e que chega lá e edita uma medida provisória pra distribuir poderes na melhor forma maquiavélica de "dividir para conquistar": dividir o poder entre várias pessoas faz com que a instabilidade seja diluída igualmente. Dar o poder a um banqueiro e praticamente desautorizar um ministro recém-empossado não é o que esperava de um operário-sofredor-que-chegou-lá. Minha indignação não tem fim. Estava conversando ontem exatamente sobre ser impossível separar economia do tradicional problema de classes, e no Brasil esse problema - tal como o modelinho neoliberal imposto e bem aceito - é, na prática, completamente ignorado como se a economia pudesse melhorar só porque o mercado financeiro quer (aliás, não me lembro do mercado financeiro querer melhorar nada, trabalham apenas no ditado "A farinha é pouca? Meu pirão primeiro!").
E, por tudo isso e por pensar que as alternativas que tenho são votar no PMDB, no PSDB ou no PFL (infelizmente, o resto todo é irrisório ainda), é que meu voto até agora é nulo. É desesperador para uma pessoa que acompanha, com real interesse, o desenvolvimento de seu país pensar que todas as alternativas são essas. Difícil engolir Garotinho, Alckmin e sua trupe. Ou votamos em populistas, ou votamos em versões modernas dos antigos coronéis.
Mas também me recuso a votar em um dos "menos pior" de todos. Me recuso a acreditar que tudo vai mudar se eu votar de novo no Lula - e espero que, aqueles que confiaram no FHC para o segundo mandato, não cometam o mesmo erro. Ao meu ver, já foi mais que provado que Lula não tem o mínimo interesse em mudar um país - desde que continue andando de jatinho, usando ternos caros e conhecendo o mundo, nada mais importa.
Olhar para o horizonte e não ver pespectiva de uma efetiva justiça social e de um governo realmente interessado em resolver todos os problemas (que não são poucos) de um país de dimensões continentais é, no mínimo, angustiante. Pensar que é em vão tudo o que alguns grupos e minorias fazem para melhorar algo no país do Mensalão e da impunidade é realmente um desalento.
São nessas horas que me envergonho de ser brasileira. Se fosse na Argentina, o mais leve de todos os protestos seria um forte panelaço. Mas como o JK levou Brasilia pra longe...
- Que "país do futuro" se submete aos desmandos das elites financeiras?
Essas duas perguntas tenho me feito a dias, com toda essa movimentação de sai ministro Palocci, entra ministro Mantega. Mas ficou muito mais forte de ontem para cá.
Eu assisto o Bom Dia Brasil diariamente e quase soltei fogos de artifício quando escutei o Ministro Mantega dizendo que é precisamos lidar de forma civilizada com a nossa política monetária - sobretudo as taxas de juros indecentes. Cheguei a pensar "Nossa, será que aos 45 minutos do segundo tempo a coisa vai começar a mudar de verdade???".
Ledo engano de uma sonhadora.
É vergonhoso pensar que eu votei em um candidato que me dizia que ia mudar tudo, e que chega lá e edita uma medida provisória pra distribuir poderes na melhor forma maquiavélica de "dividir para conquistar": dividir o poder entre várias pessoas faz com que a instabilidade seja diluída igualmente. Dar o poder a um banqueiro e praticamente desautorizar um ministro recém-empossado não é o que esperava de um operário-sofredor-que-chegou-lá. Minha indignação não tem fim. Estava conversando ontem exatamente sobre ser impossível separar economia do tradicional problema de classes, e no Brasil esse problema - tal como o modelinho neoliberal imposto e bem aceito - é, na prática, completamente ignorado como se a economia pudesse melhorar só porque o mercado financeiro quer (aliás, não me lembro do mercado financeiro querer melhorar nada, trabalham apenas no ditado "A farinha é pouca? Meu pirão primeiro!").
E, por tudo isso e por pensar que as alternativas que tenho são votar no PMDB, no PSDB ou no PFL (infelizmente, o resto todo é irrisório ainda), é que meu voto até agora é nulo. É desesperador para uma pessoa que acompanha, com real interesse, o desenvolvimento de seu país pensar que todas as alternativas são essas. Difícil engolir Garotinho, Alckmin e sua trupe. Ou votamos em populistas, ou votamos em versões modernas dos antigos coronéis.
Mas também me recuso a votar em um dos "menos pior" de todos. Me recuso a acreditar que tudo vai mudar se eu votar de novo no Lula - e espero que, aqueles que confiaram no FHC para o segundo mandato, não cometam o mesmo erro. Ao meu ver, já foi mais que provado que Lula não tem o mínimo interesse em mudar um país - desde que continue andando de jatinho, usando ternos caros e conhecendo o mundo, nada mais importa.
Olhar para o horizonte e não ver pespectiva de uma efetiva justiça social e de um governo realmente interessado em resolver todos os problemas (que não são poucos) de um país de dimensões continentais é, no mínimo, angustiante. Pensar que é em vão tudo o que alguns grupos e minorias fazem para melhorar algo no país do Mensalão e da impunidade é realmente um desalento.
São nessas horas que me envergonho de ser brasileira. Se fosse na Argentina, o mais leve de todos os protestos seria um forte panelaço. Mas como o JK levou Brasilia pra longe...
terça-feira, março 28
Somos pássaros
As pessoas estão carentes, mais carentes do que nunca. Não passando por privações materiais, não carentes de dinheiro ou de bens, mas carentes de carinho, atenção, amizade, amor. Por todo lugar onde olhemos, encontramos pessoas desesperadamente carentes de afeto, em todas as suas formas e nuances. Precisamos de pessoas que caminhem juntos de nós.
As pesssoas estão carentes de alegrias. Por onde elas passam, o que encontram são problemas 'insolúveis' aguardando solução, pessoas precisando de favores e depois abandonando-as, tristezas profundas aguardando o esquecimento. Olham para o horizonte e, cada dia mais, tentam se conformar que o futuro não há de ser nada além daquilo; todas as esperanças e aquele sentimento de que 'somos muito especiais' e que 'vamos fazer a diferença' se foram, e em seu lugar fica o olhar triste e calejado de quem passa a acreditar que aquilo tudo foi uma ilusão de infância. As pessoas estão carentes de pessoas. Mas não de pessoas numericamente falando, mas de pessoas humanas ao seu lado, com sentimentos semelhantes, de amigos sinceros, de amores verdadeiros.
A sociedade exige e nós cumprimos: tudo parece que fica estagnado num oceano tranquilo, sem ondas, numa calmaria sem fim - no entanto, só ela mesma é quem conhece as correntezas que passam no lugar mais profundo, naquele cantinho escondido entre corais e tanta vida marinha. Ela sabe que dentro dela tudo é diferente, e por mais que seu externo aparente ser uma pessoa digna de causar olhares admirados ou mesmo inveja, em seu interior existe um turbilhão de sentimentos, de angústias e de mágoas. E assim criamos uma parede para nos proteger - afinal, no final das contas, não queremos ser conhecidos pelo que somos no interior.
Em uma vida quase claustrofóbica, nos recolhemos dentro de uma casca, tal como a tartaruga que, com medo, se esconde... não queremos ser atingidos por mais nada, apenas queremos ficar em nossos cantos... enquanto, intimamente, ficamos rezando todos os dias para que alguém venha e abra à força a casca, que a tire de lá e que mostre que o mundo realmente é aquilo que sempre se acreditou que fosse - e que as pessoas são boas.
De toda essa carência, de todo esse recolhimento, nascem relacionamentos transtornados. Amigos que invadem, amores que dependem, contatos que sugam. Famílias que usam-lhe de muletas, inimigos que acabam se encontrando no rival e multidões inteiras de solitários lado a lado.
Mas, na verdade, nós somos pássaros ensinados que ser tartaruga é o que é bom. E o que se faz hoje em dia é cortar a própria asa, e cortar a asa das pessoas ao nosso redor, para que nenhum vôe. Todos devem fincar seus pés no solo e inventar uma casca para ficar parecido com a tartaruga, e assim ter a segurança de estar em terra firme.
Mas, em nosso interior, sabemos que somos pássaros. Devemos voar. Os tombos fazem parte de tudo, e é o que dão prazer maior, pois o gosto da vitória é indescritível. Sabemos que para sermos feliz, devemos voar, e voar juntos. E para voar junto, devemos estar livres - jamais no solo, dentro de uma casca, mas sim tendo nossas asas em perfeito estado, abandonando a segurança do solo, chegando em um penhasco e pulando. Apenas tendo a certeza que nossas asas irão suportar nosso vôo e arriscando os primeiros tombos é que nossas asas ficarão fortes, e é nesse momento em que passaremos a planar não com o desespero das asas cortadas, mas com a elegância de quem já passou pelo pior.
Agora com licença que vou ver se as minhas penas, que aparei a tempos atrás, cresceram mais um pouco.
As pesssoas estão carentes de alegrias. Por onde elas passam, o que encontram são problemas 'insolúveis' aguardando solução, pessoas precisando de favores e depois abandonando-as, tristezas profundas aguardando o esquecimento. Olham para o horizonte e, cada dia mais, tentam se conformar que o futuro não há de ser nada além daquilo; todas as esperanças e aquele sentimento de que 'somos muito especiais' e que 'vamos fazer a diferença' se foram, e em seu lugar fica o olhar triste e calejado de quem passa a acreditar que aquilo tudo foi uma ilusão de infância. As pessoas estão carentes de pessoas. Mas não de pessoas numericamente falando, mas de pessoas humanas ao seu lado, com sentimentos semelhantes, de amigos sinceros, de amores verdadeiros.
A sociedade exige e nós cumprimos: tudo parece que fica estagnado num oceano tranquilo, sem ondas, numa calmaria sem fim - no entanto, só ela mesma é quem conhece as correntezas que passam no lugar mais profundo, naquele cantinho escondido entre corais e tanta vida marinha. Ela sabe que dentro dela tudo é diferente, e por mais que seu externo aparente ser uma pessoa digna de causar olhares admirados ou mesmo inveja, em seu interior existe um turbilhão de sentimentos, de angústias e de mágoas. E assim criamos uma parede para nos proteger - afinal, no final das contas, não queremos ser conhecidos pelo que somos no interior.
Em uma vida quase claustrofóbica, nos recolhemos dentro de uma casca, tal como a tartaruga que, com medo, se esconde... não queremos ser atingidos por mais nada, apenas queremos ficar em nossos cantos... enquanto, intimamente, ficamos rezando todos os dias para que alguém venha e abra à força a casca, que a tire de lá e que mostre que o mundo realmente é aquilo que sempre se acreditou que fosse - e que as pessoas são boas.
De toda essa carência, de todo esse recolhimento, nascem relacionamentos transtornados. Amigos que invadem, amores que dependem, contatos que sugam. Famílias que usam-lhe de muletas, inimigos que acabam se encontrando no rival e multidões inteiras de solitários lado a lado.
Mas, na verdade, nós somos pássaros ensinados que ser tartaruga é o que é bom. E o que se faz hoje em dia é cortar a própria asa, e cortar a asa das pessoas ao nosso redor, para que nenhum vôe. Todos devem fincar seus pés no solo e inventar uma casca para ficar parecido com a tartaruga, e assim ter a segurança de estar em terra firme.
Mas, em nosso interior, sabemos que somos pássaros. Devemos voar. Os tombos fazem parte de tudo, e é o que dão prazer maior, pois o gosto da vitória é indescritível. Sabemos que para sermos feliz, devemos voar, e voar juntos. E para voar junto, devemos estar livres - jamais no solo, dentro de uma casca, mas sim tendo nossas asas em perfeito estado, abandonando a segurança do solo, chegando em um penhasco e pulando. Apenas tendo a certeza que nossas asas irão suportar nosso vôo e arriscando os primeiros tombos é que nossas asas ficarão fortes, e é nesse momento em que passaremos a planar não com o desespero das asas cortadas, mas com a elegância de quem já passou pelo pior.
Agora com licença que vou ver se as minhas penas, que aparei a tempos atrás, cresceram mais um pouco.
Voltando
Decidí voltar a escrever aqui.
A decisão simplesmente é porque o blog vai muito além da terapia, ele é uma forma de você colocar à mostra as coisas que precisam ser ditas.
Então... estou de volta. :)
A decisão simplesmente é porque o blog vai muito além da terapia, ele é uma forma de você colocar à mostra as coisas que precisam ser ditas.
Então... estou de volta. :)
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