(para Wagner, Rodrigo, Jéssica e Mariana)
Conforme os anos vão passando, continuamos exatamente os mesmos, mas somos moldados dia a dia na forja da vida. É estranho amadurecer.
Continuamos as mesmas crianças que sempre fomos, no entanto somos obrigados a conviver e aprender com as delícias e dores de sermos adultos. A cada ano que passa, observamos o mundo de uma forma diferente, lemos os mesmos livros da vida com olhares completamente novos, criamos novos sonhos e destruímos outros tantos que a realidade nos faz perceber distantes ou inadequados.
Os anos passam e aquelas pessoas que sempre pensamos que estariam ali simplesmente se vão. Mais uma chama de vida apagada, que virou apenas história. Os nossos amigos seguem seus rumos, mudam de cidade, de país, passam a ser pessoas completamente desconhecidas, diferentes, alteradas...
... Mas tão desprotegidas e frágeis como sempre foram.
Quando crianças brincamos de casinha. Quando adultos, a casinha se torna uma família de verdade, vira responsabilidade para o terceiro expediente. As bonecas fofas tornaram-se filhos que cresceram e se tornaram adolescentes, trazendo a preocupação diária da prova-dos-nove da educação que se deu: será um bom aluno? está em segurança? será que sabe o que está fazendo?
O jogo de tabuleiro vira um leque de decisões que você precisa tomar.
Os bonecos cresceram. Os meninos brincavam com os seus rambos e fortes apaches. Hoje vão para o Iraque, o Líbano, ou permanecem em seus países lutando para ter uma vida digna. Os meninos andavam de bicicleta competindo quem era mais rápido, hoje competem no mercado de trabalho para ver quem é o melhor.
Os jogos de cartas se tornam regras sociais, onde é preciso conhecer todas para não ser jogado no ostracismo.
As pipas são nossos sonhos, que dirigimos e mantemos voando por uma finíssima linha - e basta esta linha estar no caminho de alguém para que esse alguém possa lhe cortar, e seu sonho assim se vai.
Você se torna o pião, que dependendo de como seja rodado, se mantém de pé ou simplesmente pára de rodar.
A vida real não nos permite ensaios. A vida real não nos permite erros sem que hajam consequências. Mas ainda somos os mesmos. A mesma criança que precisa de proteção.
Alguns entendem a importância e a estranheza do que é amadurecer, e procuram fazer o melhor possível, dosar seus passos para não errar, desejam construir uma vida sólida, racionalizar seu destino, ou ao menos passar por ela da forma mais leve e bonita possível.
Outros continuam achando que é tudo um prolongamento da infância que todos temos dentro de nós. Constroem famílias acreditando que tudo ainda é muito fácil (basta guardar os brinquedos quando enjoar deles), ou brincam de guerra achando que no final tudo estará igual - mandam tropas e mísseis para outro território como se estivesse jogando War no Natal com seus primos, e depois bastará recolher as fichas e guardar o tabuleiro.
Definitivamente é estranho amadurecer. Talvez mais estranho seja perceber-se a mesma criança, cercada por um mundo tão confuso.
Um comentário:
Nina!!! Achei q tinha abandonado o blog!!!
Bom ver voce de novo :D
Agora tou no blogspot tb.
Bjsss
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