As pessoas são estranhas...

As pessoas são estranhas...

Acordam de manhã se queixando por ser mais um dia ao invés de agradecer por mais uma possibilidade. Corroem seu coração com as miudezas ruins, e deixam passar os pequenos momentos de felicidade; deixam de aproveitar alegrias para remoer tristezas, desenham corações na areia para o mar levar, e gravam o ressentimento no bronze que nunca se apaga. Não reconhecem o esforço dos que o cercam, apenas se queixa do seu próprio esforço.

Preferem se lamentar dos dias de chuva a agradecer pelo seu frescor, lamentam os dias de sol pelo calor mas esquecem de sua luz, lamentam os dias nublados porque não são nem de chuva e nem de sol .Tendem ao pessimismo só porque tropeçaram numa pedra - mal presságio, dizem. Mas não percebem que aquile tropeço foi útil para não atravessar uma avenida correndo com o sinal aberto.

Dão telefonemas e se queixam do quanto você está ausente ou o quanto você está relapso, sem saber que aquele momento havia deixado o outro tão feliz. Reclamam do choro do bebê no ônibus e pensam o quanto são incômodos os bebês, sem se dar conta de como é milagroso o nascimento de cada criança. Realizam pequenos sonhos mas estão sempre insatisfeitos porque não fôra exatamente como planejaram que seria. Porque os sonhos, se realizados, tem que ser exatamente como sonhamos... se ele for meio centímetro diferente, não é mais seu sonho.

Aliás, as pessoas planejam demais ao invés de deixar simplesmente acontecer. Forçam uma amizade, tentam comprar afeto, se reservam com os outros mas exigem receber um amor que não pode ser exigido - ele simplesmente é dado. Julgam o tempo inteiro as ausências dos outros, sem saber que mesmo próximo pode-se ser ausente, e que basta você só olhar para sí enquanto fala para que isso aconteça.

As pessoas são estranhas, definitivamente o são.