Essa semana lí uma reportagem em que nosso Presidente dizia que, com o tempo, foi deixando de ser de esquerda e foi caminhando para o centro. Ele disse que "A espécie humana evolui. Quem é mais de direita vai ficando mais de centro, que é mais de esquerda vai ficando social-democrata", numa clara referência à sua idade. E hoje, li esta noticia , onde o escritor Jorge Castañeda confirma a teoria de Lula separa os dois tipos de esquerdistas existentes.
Imediatamente me lembrei do professor Gervásio Rezende, especialista do IPEA em economia agrária e que me deu aula de Formação Econômica do Brasil. Ele é daqueles professores de verdade, que você senta e sente-se feliz de assistir a aula, e debater depois dela - e por isso respeito demais a opinião, porque ele não te força a acreditar na dele, mas te mostra apenas outras possibilidades. E me lembrei que, alguns anos atrás em uma das aulas que ele deu em época eleitoral, ele comentou exatamente a mesma coisa: antes ele era de esquerda, hoje é bem mais moderado, e disse que o tempo faz mostrar que os extremos não são viáveis.
Por um lado é perfeitamente compreensível e sensato, parece até mesmo óbvio, e nos remete ao que já dizia o Budha Siddarta Gautama ("O caminho do meio é o melhor e o mais seguro"). No entanto, cria um precedente preocupante... se Lula e outras pessoas afirmam que a idade mostra que não é interessante a veemência na política, será que toda gente declaradamente de esquerda ou defensor fervoroso da direita pode ser considerado imaturo ou insensato?
Será que a esquerda é fruto da imaturidade e da ilusão utópica?
Será que a direita é fruto da inexperiência de vida distante da realidade, que leva a uma inflexibilidade no que diz respeito às questões sociais?
Me veio em mente o livro do Pierre-Joseph Proudhon, "A Filosofia da Miséria" - classificado como 'socialista utópico' (por vezes, como 'o principal anarquista francês') - que ainda tenho pra ler lá em casa e até hoje não concluí... e me lembrei da resposta de Marx ao mesmo livro, quando escreveu o artigo "A Miséria da Filosofia". Será que estes senhores eram completamente imaturos ao sugerir que era impossível crescimento econômico e acumulação de capital sem estabelecer-se a análise de classes sociais, que os liberais e os economistas neoclássicos ignoram?
Será que os extremos, longe de serem frutos da imaturidade, não são apenas um transpositor de barreiras - tal como o filho mais velho que precisa quebrar a barreira para que os pais o deixem voltar depois de meia noite? Mas.. será que eles são? Melhor... será que eles são apenas isso?
Vou pensar nisso por alguns dias...
Um comentário:
Acho soh que as pessoas estaum sempre tentando mudar para melhor. E pra ser melhor do que a gente eh hoje, por mais que haja gente que discorde, eh preciso tempo.
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