"Cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar." (Machado de Assis)

terça-feira, outubro 31

Escravos do dinheiro

Quem convive comigo sabe que eu estou sempre cantarolando alguma musiquinha, simplesmente porque eu adoro música e sempre associo alguma ao momento.

Ontem estava andando na rua e vi, dentro do ônibus, um casal discutindo seriamente por dinheiro. Junta tudo isso com o fato de eu ter acabado de sair de uma aula de microeconomia falando sobre "saciedade do consumidor". E me lembrei na hora de Bittersweet Symphony, do The Verve (quem quiser a letra, tá no meu fotolog), especialmente da seguinte frase:

"Try to make ends meet
You're a slave to money then you die"

É assustadora a quantidade de pessoas que são capazes de perder a paz de espírito por qualquer problema que envolva dinheiro ou bens materiais. Pessoas que discutem, que deixam de dormir, que páram de viver, que pedem o divórcio, que estragam o dia, a semana ou mesmo os anos porque não tem *exatamente* tudo o que queriam. Mas, muitas vezes, não enxergam que quanto mais têm, mais querem, e com isso nunca estará satisfeito. Seu caráter insaciável e hedonista termina por limitar a sua felicidade e aniquilar momentos.

Sempre conviví com algumas pessoas que não têm um bom relacionamento com dinheiro, e esse péssimo relacionamento sempre me incomodou bastante. Pessoas às quais não importam o "como", o "onde" e o "com quem"... apenas importa o "com quanto".

Não estou dizendo que não ligo para dinheiro. Ligo sim, e muito. Trabalho para isso, meu curso é Economia. Só que "economia" trabalha justamente na "conciliação de desejos ilimitados com recursos limitados", ou seja, "try to make ends meet"... tentar viver de acordo com o que se tem (sim, existe poesia na economia... rs). É claro, quero ter conforto, mas se eu não tiver tudo agora, eu vou aproveitar o dia da melhor forma que me for possível. Mas jamais aceitaria viver um inferno completo porque não tenho algo que gostaria de ter.

Existem pessoas que acordam de manhã e, ao invés de um bom dia, brigam com o parceiro ou com o filho porque alguém tem que pagar aquela conta naquele dia. Ou que saem para comer uma pizza com a namorada e discutem porque a conta deu 18 reais pra cada um, e se você só tiver 15 reais não serve, não pode ficar "a forra" para a próxima pizza.

Algumas que conseguem estragar um bate-papo em um barzinho porque só sabem reclamar da vida porque está duro, outras que enquanto não comprarem "aquele eletrodoméstico" ou "aquele carro" simplesmente ficam insuportáveis, ou simplesmente se negam a qualquer outra coisa que não seja realizar aquele desejo. Ou que não curtem a gravidez porque estão muito preocupadas em montar o enxoval. É traumatizante conviver com alguém assim.

São pessoas que não sentem o cheiro de terra molhada quando a chuva cai, que não olham para um bebê rindo e sorriem, que não se percebem sentir o calor do sol na pele depois de sair do mar, aliás são pessoas que nem têm tempo de ir a uma praia e entrar no mar. É gente que não sabe o valor de um sorriso, ou de um olhar apaixonado. Pessoas que olham para um cachorro fazendo festinha porque você chegou e ralham com ele - afinal está fazendo barulho demais. São pessoas ocupadas demais com a "vida". Aliás... Vida?

Viver para mim é ser apaixonado pelo que você e pela vida que você leva, apesar de todos os problemas. Aliás, o "apesar de" é muito importante para muitas definições. VIVER é saber aproveitar cada momento com o que se tem. Não se compram amigos verdadeiros, amores sinceros, sorrisos abertos ou olhos brilhando.

A minha felicidade vale muito mais do que qualquer dinheiro do mundo.

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