"Cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar." (Machado de Assis)

quarta-feira, outubro 11

Freefall

Você já se sentiu como se estivesse em queda livre, talvez sem paraquedas?

Algumas coisas acontecem para trazer as pessoas à realidade. Coisas sérias principalmente, como a doença de alguém querido, ou algum choque que você tenha. São nessas horas em que a gente tira aquelas famosas lições que constroem nossa personalidade, e aconteceu comigo e eu me lembrei de Jesus falando "Em tudo dai graças" - até do ruim você pode tirar algo de bom.

E estou tirando forças e tomando resoluções.

A sensação de que a vida é uma queda livre sem um tempo pré-definido e que a morte é quando você chega ao chão me dá plena noção da finitude. E me dá uma ânsia de viver tudo o que vamos deixando naturalmente para trás, por conta das "coisas importantes".

Me lembrei de quantos beijos minha avó deixou de me dar porque estava 'ocupada arrumando a casa' que minutos depois ia ser bagunçada de novo. Será que ela não se arrependeu, quando se foi, de ter deixado a casa bagunçada só uns minutos mais?

Me lembrei, principalmente, de quantos abraços deixei de dar nas pessoas porque estava com pressa, da minha amiga grávida que até hoje não fui ver, das viagens a Bonito e ao Sul que ainda não fiz, dos livros novos que comprei e ainda não li, dos lugares que morro de vontade de conhecer e ainda não fui, das noites que deixei de me divertir com meus amigos porque no dia seguinte precisava acordar cedo, dos telefonemas que prometí mas com tanta coisa não me lembrei, das pessoas ainda não encontrei porque não tenho tempo... Deixei de caminhar no Aterro do Flamengo e olhar o Pão de Açucar, num sábado de sol, para fazer faxina em casa... não quero mais isso para mim.

Me lembrei que eu viví os últimos meses apenas semeando. Não colhí nada. E todo mundo sabe que não adianta semear eternamente, sem tirar os frutos do pé. É pior do que não semear.

Quanta coisa que, agora que me toquei, são tão importantes para mim e que as obrigações 'não me permitiam' fazer.

Preciso viver agora o Agora, porque a gente nunca sabe quando o chão está perto demais... e provavelmente, não teremos um paraquedas para suavizar.

2 comentários:

j. disse...

é bom construir o futuro sem negligenciar o presente!
dá uma sacodida na poeira por aí tb, é sempre revigorante.
=*

Mosana disse...

ahhh fiquei pensando igualzinho vc.. acho q farei menos faxina.. e beijarei mais meus filhos..
beijos

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